Síndrome de Meige: doença rara que afeta a qualidade de vida dos pacientes
O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento correto dos casos
Consultas com diferentes especialistas, dezenas de
medicações prescritas e usadas e pouca ou quase nada de melhora nos movimentos
involuntários nos olhos e boca, que tanto os incomodavam. Por aproximadamente
quatro meses, essa foi a rotina de dois pacientes goianos, que só viram seu
quadro melhorar após o correto diagnóstico e o início do tratamento da Síndrome
de Meige.
O drama vivido por esses pacientes, infelizmente, faz parte
da vida de quem convive com as chamadas doenças raras, aquelas que somam cerca
de 8 mil já catalogadas e que afetam 65 pessoas em cada grupo de 100 mil
indivíduos.
O diagnóstico dos pacientes citados veio em uma consulta com
a médica neurocirurgiã e grande estudiosa de doenças raras, Ana Maria Moura. A
médica goiana atuou em hospitais dos Estados Unidos e França e, atualmente,
atende em Goiânia.
Ela explica que a doença de Meige é um distúrbio de
movimento caracterizado pelo aparecimento espontâneo de blefarospasmo
(contrações dos músculos ao redor dos olhos) associado a movimentos distônicos
de musculatura orofacial (boca, língua). O paciente também pode apresentar
torcicolo espasmódico, disfonia (distúrbios na voz) e distonia (contrações
musculares involuntárias) de extremidades.
Essa é uma doença neurológica rara e seu nome é uma homenagem
ao neurologista francês Henry Meige, que descreveu os sintomas pela primeira
vez em 1910.
A prevalência exata da Síndrome de Meige é desconhecida, mas
sabe-se que ela afeta predominantemente adultos, especialmente mulheres na
faixa etária entre 40 e 70 anos. No entanto, casos pediátricos também podem
ocorrer, embora sejam menos comuns.
Sintomas
Os sintomas característicos da Síndrome de Meige, segundo
Ana Maria Moura, incluem movimentos repetitivos e involuntários, espasmos
musculares e contrações na região facial, como blefaroespasmo (espasmos das
pálpebras) e blefaroespasmo-oromandibular (contrações dos músculos ao redor dos
olhos e boca).
Além dos sintomas motores, a Síndrome de Meige também pode
estar associada a sintomas sensoriais, como sensibilidade à luz e irritação
ocular. Esses sintomas tendem a piorar ao longo do tempo e podem ser
desencadeados por estímulos específicos, como estresse, fadiga ou uso excessivo
de certos músculos.
Essas manifestações podem interferir significativamente na
qualidade de vida do paciente, causando desconforto físico, dificuldade para
falar, comer e até mesmo para enxergar.
Prevenção e Tratamento
Não há uma forma conhecida de prevenir o desenvolvimento da
Síndrome de Meige. Acredita-se que fatores genéticos e ambientais possam
desempenhar um papel na sua ocorrência.
Ana Maria Moura esclarece que o tratamento da Síndrome de
Meige é multidisciplinar, incluindo assistência médica, fisioterapia e
psicoterapia, e visa, principalmente, aliviar os sintomas e melhorar a
qualidade de vida do paciente. Abordagens terapêuticas comuns incluem:
Medicamentos: para reduzir os espasmos musculares e melhorar
o controle dos sintomas. Entre eles estão os relaxantes musculares, a toxina
botulínica (Botox) para injeção localizada e alguns medicamentos utilizados
para controlar a doença de Parkinson.
Terapia física e ocupacional: podem ajudar a fortalecer os
músculos afetados, melhorar a postura e ensinar técnicas de controle muscular
para reduzir os espasmos.
Terapia psicológica: o suporte psicológico e emocional pode
ser útil para ajudar os pacientes a lidar com os desafios causados pela
Síndrome de Meige e reduzir o estresse associado.
Cirurgia: Em casos graves e resistentes aos tratamentos
convencionais, a cirurgia pode ser considerada uma opção. A estimulação
cerebral profunda, por exemplo, é uma técnica que envolve a implantação de
eletrodos no cérebro para modular a atividade neural.
O tratamento da Síndrome de Meige deve ser personalizado,
considerando a gravidade dos sintomas, a resposta individual aos medicamentos e
as preferências do paciente.
Comentários
Postar um comentário